1.
Joel Barrish era um homem reservado. Expressava seus sentimentos por meio de desenhos e textos em seu diário. Típico introvertido, se sentia desorientado.
Ao descobrir que sua ex-namorada, Clementine Kruczynski, pagou para apagar todas as memórias a respeito dele, Joel decide fazer o mesmo. Durante o processo, ele se arrepende e tenta interrompê-lo.
Parece ficção? E é! Brilho Eterno de uma Mente sem Lembrança traz Jim Carrey como Joel e Kate Winslet como Clementine. Dentre as reflexões que o filme traz, destaco: seria bom apagar as memórias ruins? Vamos ao livro de Lamentações 3.21-22.
Ainda ouso, porém, ter esperança
quando me recordo disto:
O amor do SENHOR não tem fim!
Suas misericórdias são inesgotáveis.

2.
O livro de Lamentações faz parte dos rolos festivos – os cinco meguillot:
Cantares: Festa da Páscoa,
Rute: Festa das Semanas, ou Pentecostes,
Ester: Festa do Purim,
Eclesiastes: Festa das Tendas e
Lamentações: Cerimônia de rememoração da destruição do Templo.
A natureza do livro é clara: lamento pela tragédia da queda de Jerusalém e a destruição do Templo (587 a.C.). Combina lamentos com lembranças de um passado glorioso, sempre introduzido por um “ai”.
Os quatro primeiros capítulos possuem 22 versos cada, correspondente à ordem acrostica do alfabeto hebraico, sendo que o capítulo três usa a fórmula de três versículos para cada letra do alfabeto, totalizando 66 versículos. O capítulo 3 tem como tema a esperança do povo diante da justiça de Deus.
3.
Quando passamos por dificuldades, nos lembramos dos tempos bons e temos saudades daqueles dias. Isso não é esperança, é saudosismo. Esperança é a decisão consciente de confiar em Deus de que o futuro trará momentos melhores que os dias maus.
Saudosismo te prende ao passado, te paralisando no presente.
Esperança impulsiona para o futuro, te fortalecendo no presente.
Joel Barrish, no filme, entendeu que apagar lembranças ruins é apagar a nossa história, o que vivemos e aprendemos, ainda que doloroso demais.
O livro das Lamentações é usado em uma celebração para se lembrar de uma tragédia gigante na história do povo. Trazer a memória da dor do passado para manter firme a fé no presente.
Deus agiu no passado, age hoje e agirá no futuro. Esperança é trazer à memória com ousadia, em dias ruins, o agir de Deus, sabendo que seu amor não tem fim.
Dias melhores virão e, sabendo disto, a esperança não é vã, é espera. Não uma espera passiva, mas participativa, agindo para o futuro ser de paz.
4.
Quando você for inundado por lembranças ruins, ore! É uma das formas de esperar participativamente. Busque a Deus e ouse trazer à memória aquilo que te dá esperança: o amor de Deus não tem fim! Pratique o rememorar do agir de Deus em sua vida.
5.
Prepare uma pipoca, desligue o celular e curta Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças (2004). Você vai sorrir e chorar, mas terminará com a sensação de que precisa revisitar esse filme de tempos em tempos para se lembrar de algumas lições que ele nos dá.
6.
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