Quem sou eu diante de Deus
Na gratidão, o reconhecimento de nossa identidade
1.
Quem somos nós diante de Deus? Uma das principais transformações que a pessoa passa, ao ser alvo da graça de Deus, é reconhecer quem é diante de Deus. Sabemos que ele nos criou, nos chamou em graça e misericórdia por seu filho, mas quem somos nós diante dele? Vamos ao texto de 1 Crônicas 29.10-14, pois ali, em uma oração, encontramos uma boa resposta.
¹⁰Então Davi louvou o Senhor na presença de toda a comunidade: “Ó Senhor, Deus de nosso antepassado Israel, louvado sejas para sempre! ¹¹Ó Senhor, a ti pertencem a grandeza, o poder, a glória, a vitória e a majestade. Tudo que há nos céus e na terra é teu, ó Senhor, e este é teu reino. Tu estás acima de tudo. ¹²Riqueza e honra vêm somente de ti, pois tu governas sobre tudo. Poder e força estão em tuas mãos, e cabe a ti exaltar e dar força. ¹³“Ó nosso Deus, damos graças e louvamos teu nome glorioso! ¹⁴Mas quem sou eu, e quem é meu povo, para que pudéssemos te dar alguma coisa? Tudo que temos vem de ti, e demos apenas o que primeiro de ti recebemos!
2.
Os versos são uma oração de Davi. Ele está concluindo os processos de transição de poder e, em breve, seu filho Salomão assumirá o trono. Em sua oração, ele expressa a grandiosidade e poder de Deus, reconhecendo quem é o Senhor de sua vida.
A oração de Davi é um convite ao reconhecimento que tudo pertence a Deus e que dependemos dele em tudo. Ele louva a Deus pela grandeza e providência divina. Ele se coloca, em sua velhice, diante do povo para orar e assim passar o trono para seu filho Salomão. Em sua vida, Davi conquistou mais do que podia imaginar em sua juventude, quando era apenas um pastor de ovelhas a cuidar dos rebanhos de seu pai. Agora, quando percebe que a idade pesa e sabe da necessidade de seguir adiante, de passar o trono para seu filho, ele então ora a Deus.
No texto completo da oração, que vai do 10-20, Davi chama Deus pelo nome oito vezes, fazendo questão de pontuar a todo o povo a quem ele se referia. Precisamos lembrar que Davi havia consolidado o Reino de Israel, mas que o culto aos deuses cananeus ainda não havia cessado em todo território, então era preciso deixar claro a quem Davi estava orando e reconhecendo como senhor sobre todas as coisas.
3.
A primeira parte da oração vai do verso 10 a 12. É o que se chama de doxologia, palavra grega fruto da junção de doxa — glória + logia — palavra. Uma fórmula muito comum nos textos do Antigo Testamento, e na literatura do antigo oriente próximo, que servia de abertura para textos de exaltação e engrandecimento de heróis e personagens marcantes da história. O Antigo Testamento apresenta tal fórmula, recorrentemente, nas orações dedicadas a Deus. No caso, nesta doxologia vemos Davi apresentando os atributos de Deus: grandeza, poder, glória, vitória, majestade, riqueza, honra, força e governo sobre todas as coisas. Você tem reconhecido os atributos de Deus, expressos em sua Palavra e presentes em sua ação para conosco?
A segunda parte da oração é o que podemos chamar de reação e vai dos versos 13 a 15. Diante da grandiosidade de Deus, de tudo o que ele é e representa, temos a pergunta que expressa o contraste entre quem se é e quem é Deus: “Mas quem sou eu, e quem é meu povo, para que pudéssemos te dar alguma coisa?” A resposta é clara: nada. Tudo vem de Deus e toda oferta dada pelo povo para a construção do templo nada mais era que uma devolução de tudo o que eles haviam recebido de bênçãos. O reconhecimento de que tudo pertence a Deus vem também expresso na consciência de que o ser humano é temporal, não pertence a este momento e que a efemeridade da existência humana não é nada diante da eternidade e da glória de Deus.
4.
O convite de hoje é para reconhecermos que não há ninguém como Deus, ele é o Senhor de tudo o que há. Senhor de nossas vidas? Também, ele é a fonte de toda a vida, de onde a existência provém. Por isso, reconhecer Deus como Senhor é saber quem somos e, diante de nossa condição, redermos glórias a Deus! Quem sou eu diante de Deus? Sou servo humilde, salvo por Jesus, alvo de sua graça e misericórdia, merecedor de nada, adorando a Deus em tudo.
5.
A indicação cultural desta edição é a leitura da saga de Percy Jackson. A história do jovem filho de um deus grego e uma humana que parte em uma série de aventuras e, nesta jornada, busca não apenas respostas para os acontecimentos, mas também sua identidade no mundo. Uma leitura leve, agradável, mas longa, são cinco livros de muita aventura e, para quem gosta de mitologia grega, como eu, vai se deliciar e dar boas risadas!
6.
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